Meias palavras
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
às10:21
Ela estava lá, ocupada com seus afazeres diários. Foi quando ele chegou tímido, acanhado:
- Olá - ele iniciou o diálogo.
- Olá, Brian - ela respondeu, simpática como sempre.
- (...) Acho que devíamos conversar
- Claro
Eles sentaram no sofá.
- Lois...seu coração alguma vez quis perguntar alguma coisa, mas sua cabeça tinha medo da resposta?
- Ó deus...hmm...Às vezes é melhor não fazer esse tipo de pergunta
Brian desviou o olhar. Lois prosseguiu:
- Às vezes devíamos apreciar aquilo que já temos...como uma amizade muito especial, digamos, como a que você e eu temos, e que alguém como eu não trocaria por nada nesse mundo.
Brian tentou esboçar um sorriso, mas seus olhos eram de cachorro sem dono (literalmente haha). Ele respondeu:
- Alguém como eu também não trocaria por nada
- Fico feliz :)
Brian sai e Lois voltou às suas atividades.
Alguns segundos se passam. Brian retorna.
- Só pra ficar claro, estávamos falando de eu estar apaixonado por você e você me rejeitou, certo?
- Sim
- Estava só tendo certeza
Brian sai e volta segundos depois, novamente:
- Digamos que estivéssemos bêbados e saberíamos que não iríamos lembrar?
- Tinha que estar muito, muito...Não!
(...)
por Alexandre Diori -
sobre esquecer
segunda-feira, 20 de julho de 2009
às10:15
Alguns segundos atrás eu estava com um texto todo na minha cabeça. Poxa, era realmente algo bacana...eu acho. Sério, era bom mesmo e algum funcionário cheio de moral do Google ia ver ou qualquer outro agente comercial mundo afora aí e possivelmente eu ia ficar milionário. Mas eu esqueci o texto.
Esquecer as coisas não é uma coisa legal. Eu esqueço as coisas com muita freqüência, o que não acontecia quando eu era menor. Vou contar uma história...
Sim, sou eu :)
Quando eu tinha lá pelos meus 5 anos eu tinha uma memória privilegiada. Era boa mesmo! Eu lembro de ficar brincando daquele joguinho que era assim: tu falava uma fruta, aí o próximo falava a sua e outra fruta, e o próximo falava a sua, do cara anterior à ele, a dele, e assim sucessivamente. Eu sempre ganhava. E isso durava horas pra acabar. Mentira, não durava horas, mas durava um bom tempo.
De qualquer jeito, do que eu ‘tava falando mesmo? (...) Ah é. Bom, essa memória ninja durou até os meados dos meus 13 anos, e eu tenho uma ótima teoria sobre o que causou as falhas até hoje: álcool. Taí uma coisa que não é legal, beber cedo demais. Aliás, beber em qualquer idade. (...) Não bebam. Ou talvez não tenha nada a ver com isso. Caso não tenha, podem ignorar o meu conselho e bebam com força. Sobre esquecer, o que eu tenho mais raiva é quando esqueço o que eu ia falar (dizem que isso acontece porque era mentira...vá pra &$@*( com suas superstições!), e quase sempre era algo maneiro.
Alguém devia inventar uma pílula da memória. Ou talvez não. Dizem que a felicidade está relacionada à memória fraca. E eu acho que isso tem muito sentido.
Mudei de idéia, estou feliz com minha memória falha ;)
Alguém lê essa coisa? Vai ficar mais jogado às moscas ainda porque só vou postar depois que os posts tiverem 10 comments no mínimo. E isso inclui todos aí de baixo.
A conveniência se fez regra. Estamos sempre nos jugando. Uns aos outros. E nos poupando de auto-julgamento. Estamos sempre distorcendo o certo e o errado, e a própria idéia da distorção de algo relativo já é bem duvidosa. O que é certo pra você pode ser errado pra mim, e vice versa. Logo, não existe certou ou errado, apenas pontos de vista. Não existe bem ou mal, existem percepções diferentes. Uma longa cadeia de eventos culminam em um determinado acontecimento. A definição de bem ou mal é concisa demais, negligencial demais, falha demais. Inapropriada. Não existem sequer sentimentos, apenas reações químicas e processos cerebrais. A conclusão é simples: nunca haverá paz, uma vez que a discrepância entre os ângulos de entendimento de mundo de cada um é abissal, faraônica. Carecemos de certezas absolutas.
Questione-se.
Questione-me.
Se qualquer coisa que eu diga aqui faz sentido pra você, procure ajuda especializada.
Você já se sentiu como se estivesse no lugar certo, na hora certa, na cidade certa, vivendo a vida certa, se sentindo como se tudo estivesse nos eixos e nada pudesse te abalar, com tudo dando certo?
Eu não.
por Alexandre Diori -
eu queria
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
às03:29
Você ousa ficar de fora? Você ousa ficar dentro? O quanto pode perder? O quanto pode ganhar? E se entrar, vai virar a direita ou à esquerda? Ou à direita e três quartos? Ou talvez nem tanto? Você pode ficar muito confuso... a ponto de começar a correr... por uma descida tortuosa a toda velocidade... se esforçando por milhas através de um lugar selvagem e estranho... guiado até o lugar mais inútil... o lugar de espera. Onde tem pessoas apenas esperando. Esperando por um trem que parte... ou por um ônibus que venha... ou um avião que vai partir. ou que o correio chegue, ou que a chuva caia... ou o telefone que toque, ou a neve que caia... ou esperando por um sim ou um não... ou por um colar de pérolas ou um par de calças... ou uma peruca com cachos... ou outra chance.
Certa vez me disseram que "A beleza da matemática é que ela não permite eufemismos." Veja bem, você pode dizer 2+2, ou 2², ou 8-4, ou 20/5, ou simplismente 4. Então pensando bem, a matemática pode não ser tão direta assim.
Meu ceticismo é um cu espetacular. Sério mesmo, eu duvido de tudo, e sempre vou tentar provar que você está errado. HUAUHAUHSA Sou muito chato desconfiado, e minha malícia veio junto com decepções. Elas são boas enfim, se analisarmos bem os pontos de vista.
A perfeição tem validade, um prazo. Seja um beijo ou um olhar, uma palavra ou um silêncio. Mas por não durar pra sempre deixa de ser perfeição? Se existe um plano pra cada um ou se fazemos nosso próprio destino é uma questão que já foi respondida mais vezes que se possa compreender. As pessoas podem mudar? Você pode mudar aos olhos das outras pessoas? As mudanças acontecem, ou você é apenas o que sempre será? Mudanças reais são raras e finais felizes - apesar de terem má fama - acontecem, e são tão verdadeiros quanto os finais tristes. Mudanças e perfeições envolvem riscos, você pode arriscar e não conseguir nada. Mas não vai conseguir nada sem nunca ter arriscado.
Ele parou e encarou a tela em branco. Cheio de idéias mas sem disposição alguma. É que as vezes certos achismos se esvaem de repente. Por que? Ele tinha tantas indagações que esperava algum deus no final da linha com uma folha de respostas. Seria como um drive-thru, e deus, o funcionário. Mas seu ceticismo ateu não o permitia tais pensamentos.
Sentimentos deviam tender sempre á reciprocidade. Mas quem entende o universo? Ele parou e olhou para eles. Ela estava lá. Ele queria ter estado lá também, mas não estava, pra variar.
Olhando pra tela, ela continuava em branco. Até que ele decidiu não escolher mais tintas. Pra quê tanta seleção pra compor sempre o mesmo abstrato?
Se você parar pra pensar por um minuto na própria existência, apenas por um minuto e nem precisa mais do que isso, vai chegar a conclusão de que você não devia ter começado a pensar nisso. Você evitaria atravessar a rua, não iria pra escola estudar amanhã, ou para o trabalho. Não comeria grande parte das coisas que você come, não andaria mais descalço, prestaria mais atenção nas roupas que você usa, e com certeza não entraria mais no orkut ou no msn. Aliás, você aposentaria o computador. E a televisão. Ou então ficaria ainda mais dependente dele. A fragilidade humana é absurda. Você pode morrer amanhã, e eu não falo de uma morte coletiva causada por um meteoro gigante que bata na Terra, falo de qualquer coisa. Atropelado por um ônibus imenso ou com convulsões e dores causadas do nada por uma microbactéria ou protozoários datados do arqueozóico. Então pensando nisso é melhor a gente não pensar nisso. Inclusive, falando em vida, ela é cheia dessas coisas inexplicáveis. Ela esqueceu de nos dar um manual de instruções explicando a lógica que ela usa para reger as coisas quando tivemos a infelicidade de nascer e estar renegado à triste sina de viver. E pra piorar as coisas ela te dá um cérebro e um coração e te obriga a conviver com os dois. E em (suposta) harmonia! Vê a ironia disso? E contrariando qualquer racionalidade que eu entenda, faz o segundo predominar sobre o primeiro. O seu cérebro vai sentir o nível de serotonina cair para o nível de neurose - que deveria provocar depressão, mas até o cérebro vive em um paradoxo particular - e resultar na adoração do seu objeto de afeição, e ir agindo feito uma droga. Mas aí o efeito da droga passa e o corpo não se imagina mais sem o seu objeto queridinho. Enquanto seu não tão desenvolvido cérebro pensar nisso, seu coração vai simplismente dizer "Parabéns! Você se apaixonou!... babaca!" (isso seguido de uma risadinha diabólica). E claro, o objeto não podia ser simplismente um CD com músicas legaizinhas ou uma barra de chocolate, tem que ser outra pessoa, que também é fodida pela vida. Tá vendo? Pra quê parar pra pensar em coisas do tipo? É tão melhor jogar truco, tocar uma música, dançar uma dança, ouvir sua canção preferida, fazer uma pulsera com linhas enceradas compradas em frente ao Banco do Brasil ou dormir mesmo.