eu queria ter um botão de desliga nos meus pensamentos
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009 às 00:46

Se você parar pra pensar por um minuto na própria existência, apenas por um minuto e nem precisa mais do que isso, vai chegar a conclusão de que você não devia ter começado a pensar nisso. Você evitaria atravessar a rua, não iria pra escola estudar amanhã, ou para o trabalho. Não comeria grande parte das coisas que você come, não andaria mais descalço, prestaria mais atenção nas roupas que você usa, e com certeza não entraria mais no orkut ou no msn. Aliás, você aposentaria o computador. E a televisão. Ou então ficaria ainda mais dependente dele.
A fragilidade humana é absurda.
Você pode morrer amanhã, e eu não falo de uma morte coletiva causada por um meteoro gigante que bata na Terra, falo de qualquer coisa. Atropelado por um ônibus imenso ou com convulsões e dores causadas do nada por uma microbactéria ou protozoários datados do arqueozóico.
Então pensando nisso é melhor a gente não pensar nisso. Inclusive, falando em vida, ela é cheia dessas coisas inexplicáveis. Ela esqueceu de nos dar um manual de instruções explicando a lógica que ela usa para reger as coisas quando tivemos a infelicidade de nascer e estar renegado à triste sina de viver.
E pra piorar as coisas ela te dá um cérebro e um coração e te obriga a conviver com os dois. E em (suposta) harmonia! Vê a ironia disso? E contrariando qualquer racionalidade que eu entenda, faz o segundo predominar sobre o primeiro. O seu cérebro vai sentir o nível de serotonina cair para o nível de neurose - que deveria provocar depressão, mas até o cérebro vive em um paradoxo particular - e resultar na adoração do seu objeto de afeição, e ir agindo feito uma droga. Mas aí o efeito da droga passa e o corpo não se imagina mais sem o seu objeto queridinho. Enquanto seu não tão desenvolvido cérebro pensar nisso, seu coração vai simplismente dizer "Parabéns! Você se apaixonou!... babaca!" (isso seguido de uma risadinha diabólica). E claro, o objeto não podia ser simplismente um CD com músicas legaizinhas ou uma barra de chocolate, tem que ser outra pessoa, que também é fodida pela vida.
Tá vendo? Pra quê parar pra pensar em coisas do tipo? É tão melhor jogar truco, tocar uma música, dançar uma dança, ouvir sua canção preferida, fazer uma pulsera com linhas enceradas compradas em frente ao Banco do Brasil ou dormir mesmo.

por Alexandre Diori -